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30 de janeiro de 2014

Palavras por palavras #1: A dor que dói mais - Martha Medeiros.


Hoje, 30 de Janeiro, é o dia da saudade. Sabe aquele aperto que faz doer o coração e a mente voar por um túnel confuso de memórias? Difícil definir o que é saudade... dói, mas ainda assim é bom. Às vezes ela vem acompanhada de esperança... ás vezes de angústia... Gozado, é que sempre há um tantinho de conforto em sentir saudade. A certeza de algo, um dia, foi real.

Então, para estrear nosso "Cantinho das palavras" uma definição para a "saudade":


Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.

Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa. Doem essas saudades todas.

Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o escritório e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.

Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua pintando o cabelo de vermelho. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango assado, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua surfando, se ela continua lhe amando.

Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Saudade é não querer saber se ele está com outra, e ao mesmo tempo querer. É não querer saber se ela está feliz, e ao mesmo tempo querer. É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim, doer.


Encontrado aqui.

3 comentários:

  1. Mozão <3 UAHUAHUAHAUAH
    Lindo texto, é de emocionar :'(

    http://cicatrizesliterarias.com/

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  2. Realmente o texto de Martha Medeiros consegue expressar muito desta que ela chama de "saudade mais dolorida",mas há que se admitir que este, também, é um dos sentimentos mais nobres entre nós os humanos; pois a saudade é o que temos de concreto do que vivemos e que nos fez bem, ou seja, se sentimos saudades é porque foi bom... Então eu creio que saudade é coisa boa!

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  3. Oi Dani,
    Como a Zilma disse acima, eu acredito que a saudade é o que nos difere dos animais, algo que nos torna essencialmente humanos. É nobre, é dolorido mas é um sentimento valioso.
    É impossível não sentir saudade e o texto da Martha consegue expressar isso.. Acho ainda que a saudade mais dolorida é aquela que traz lembranças dos momentos mais importantes. (=

    Beijos
    Adriano
    GeraçãoLeitura.com (http://geracaoleiturapontocom.blogspot.com/)
    Passa lá ;)

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