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10 de novembro de 2014

Resenha #27: Dragões de Éter: Caçadores de bruxas - Raphael Draccon

Hey pessoas! Estão bem? Espero que sim!

Venho compartilhar com vocês o meu primeiro contato com uma trilogia :D
Quem acompanhou a minha apresentação e de Leticia, pode ver que eu não tinha muita vontade em ler trilogias, no entanto, fui experimentar esse novo “gênero”, para saber se eu não estava errada em nunca ter lido nenhuma antes. E de fato, sim, eu devia ter experimentado há muito tempo. Calma lá, só li o primeiro livro da trilogia ainda, mas já estou de olho no segundo.

Título: Dragões de Éter: Caçadores de bruxas

Autor: Raphael Draccon

Editora: Leya

Gênero: Ficção infanto-juvenil/Fantasia

Ano de lançamento: 2007

Status: Trilogia
#1 Caçadores de bruxas
#2 Corações de neve
#3 Círculos de chuva

Páginas: 440

Skoob: Link


Dragões de Éter, esse é O LIVRO. Bom, tem umas semanas que o terminei, mas só pude resenhá-lo agora. Dragões de Éter: Caçadores de Bruxas, é o primeiro livro da trilogia do autor brasileiro B R A S I L E I R O, entenderam?!, Raphael Draccon, lançado em 2007 pela editora Leya que fez muito sucesso na época e ainda faz.


De início, é bom esclarecer que, não, o livro não fala de dragões, é apenas uma metáfora referente a “uma fantasia que você alcança através dos seus sonhos”.
A história se passa em Nova Éther, mais precisamente no Reino de Arzallum, na cidade portuária de Andreanne. Já imaginou Chapeuzinho Vermelho, João e Maria, Capitão Gancho, Deuses, semideuses, Reis, príncipes, princesas, fadas, bruxas, tudo numa única história? Se não, coloque sua imaginação fértil a pensar e leia esse livro. Os personagens são velhos amigos nossos de infância, porém, de maneira mais aprofundada filosófica e psicologicamente . Que mãe deixaria uma filha ir sozinha até a casa da avó pelo bosque, sabendo que é perigoso? Essa é uma das perguntas que o narrador nos faz, ele nos faz pensar nos dois lados da história.
Raphael Draccon: O cara!
“Tudo em Nova Ether parece concreto e maciço e pode ser tocado e sentido, mas pode ser modificado e incorporar o incrível a qualquer momento. Essa instabilidade seletiva, propícia ao fantástico, tem explicação. Acontece porque tudo que ali se manifesta é fruto da existência e das consequências de um mundo de semideuses. O caso é que não existe um deus, e nem mesmo existem deuses, em Nova Ether.”

Tudo começa com o narrador nos apresentando os personagens, relatando fatos passados, como uma menina que teve sua avó devorada por um lobo e dois irmãos que foram atraídos por uma casa de doces e quase mortos por uma bruxa malvada.

           “Mas você não pensaria assim se compreendesse os fatos pelo lado animal da história."

A partir daí, conhecemos a nobreza, o Rei Primo Branford, que teve papel primordial na caçada das bruxas de magia negra há muito tempo e mal sabia que teria de enfrentar novamente essa caçada, seus dois filhos, Anísio que seria seu sucessor e Axel, o príncipe mais aclamado pela plebe e a rainha Terra, que antes era uma fada, mas ao apaixonar-se pelo rei, tomou condição física por conta desse amor. Depois, conhecemos Jamil Coração-de-Crocodilo, filho do Capitão Gancho, que vem preparando uma grande invasão na cidade de Andreanne com objetivos bem maiores do que saquear e propagar a violência, aliado aos objetivos de uma bruxa.

“Comparado com outros mundos etéreos, Nova Ether poderia ser taxada como um universo de fantasia. Não seria mentira, afinal, lá existem Reis com "R" maiúsculo, príncipes e princesas em busca da perfeição, lobos famintos, piratas com suas próprias leis, terras invisíveis a quem não tem a sensibilidade necessária para enxergá-las ou que se movem sozinhas além-mar, como se dotadas de vida própria, além de dragões nascidos de elementais ou mesmo da própria quinta- essência. E existe a magia.”

É assim que o livro se desenvolve, muitos personagens, muitos fatos, muitas dúvidas, mas que ao desenrolar da estória ganha proporção e prende a atenção de qualquer um.

Pois bem, o narrador é muito importante neste livro, ele tem grande participação em como contar os fatos, parece realmente um bardo numa taverna, narrando a história cara a cara com você. O período é medieval mas com características típicas contemporâneas, os personagens da plebe falam de uma forma coloquial, enquanto a nobreza de forma mais pomposa.

“- Uhuuu! Lindo! Tesão! Bonito e gosto...
- ARIANE, pelo amor do Criador!!! - João, dessa vez, não se aguentou.- Desce já daí, anda logo - e o menino subiu no balcão para puxar a menina pra baixo.”

O incrível é que, todos os personagens se encaixam perfeitamente, as histórias infantis parecem se misturar, os desenhos que assistíamos quando crianças, como Caverna do Dragão, até referências a estrelas da cultura pop se juntam e fazem todo um sentido, transmitindo uma mensagem profunda e questionadora em diversos campos, sem deixar de ser uma fantasia.

É gente, não discorri muito sobre o enredo para não acabar dando spoilers do livro, e em hipótese nenhuma quero fazer isso. Além de que, a história é bem detalhada, seria interessante a leitura completa para entenderem num contexto maior.

   “E me despeço, sabendo e relembrando que, para que Nova Ether viva, é necessário que eu pense nela.”

Peço perdão se me excedi no número de quotes, é porque cada frase, parágrafo do livro parece ter um significado maior, então não há nada que pode ser dispensado, é tudo muito incrível!
Fiquei muito feliz em amar tanto um livro e saber que é de autoria brasileira, me dá um orgulho tão grande e tem gente que não gosta da literatura nacional,
A capa do livro é muito bonita, o alto-relevo no título dá uma maior sofisticação a obra, bem atraente!

Tenho que dizer, minha visão do mundo, de pensamentos e de sentimentos mudaram e até mesmo se enriqueceram bastante após essa leitura. Raphael, com sua escrita muito peculiar e fácil ao mesmo tempo, propõe e dispõe sabiamente valores que tanto vemos impregnados em nossa sociedade, mas que nem sempre reparamos ou damos a devida atenção. Ele dá asas a nossa imaginação e nos permite sonhar!

“Um sonhador não é capaz apenas de dar vida a novos mundos. Ele é capaz de transformar o mundo em que vive em um mundo melhor. E próximo do mundo que sonha. Porque na jornada por esse sonho ele amadurece. E no amadurecimento dessa concretização ele se modifica. E modifica a si. E modifica ao outro.”

Um dos melhores livros que já li! Amei muito a história! Leia se puder, super recomendo!

                                                                                 Avaliação   

 


11 de outubro de 2014

Resenha #25: A Garota dos Pés de Vidro – Ali Shaw


Olá leitores! Como vocês estão? Ansiosos pelo dia das crianças? Estou estou u.u. Vim compartilhar com vocês a resenha desse livro incrível que me fez viajar...




Título/Título original: A garota dos pés de vidro/The girl with glass feet

Autor:
 Ali Shaw


Editora: Leya

Ano de lançamento: 2010

 Páginas: 288

Gênero: Fantasia

Status: Livro Único

Skoob: Link




Midas Crook é um rapaz apaixonado por fotografia. Ele vive correndo atrás de uma foto nova, um brilho diferente, uma luz que favoreça. Tem uma paixão especial por fotos monocromáticas. Ele mora em Ettinsford, uma ilha entre tantas outras encontradas em St. Haudas Land.

“Naquele inverno, houve relatos nos jornais de um iceberg do tamanho de um galeão flutuando num ranger majestoso pelos penhascos de St. Haudas Land [...] Mas Midas Crook não lia os jornais, apenas olhava as fotografias.”


Certo dia, enquanto buscava fotos em um bosque perto de Ettinsford, ele conheceu uma garota chamada Ida Maclaird. Falante e curiosa, ao contrário dele. Ela o enche de perguntas e ele tenta ser o mais agradável possível ao responder, apesar de não gostar de conversar.

“Ela parecia ter saído de um filme dos anos cinquenta. A pele clara e o cabelo loiro eram tão pálidos que pareciam monocromáticos.”


Mas a garota, apesar de ter traços tão comuns, tinha algo diferente. Seus pés estavam cobertos por uma bota enorme, maior do que parecia ser seu pé. Isso deixou Midas curioso.
Eles conversam melhor e Midas acaba descobrindo que Ida foi até Ettinsford procurar uma pessoa. Henry Fuwa. Mal sabe ela que Midas o conhece. Enfim, o motivo dela tentar procurá-lo é que a garota está se transformando em vidro ao poucos. E, aparentemente, só Henry poderia ajudá-la. Eles se conheceram há alguns meses e Henry deixara escapar algo sobre corpos cristalizados no fundo mar. Ela não acreditou. Mas agora, quer desesperadamente encontrá-lo, antes que não só passe a mancar por causa dos pés de vidro, mas que também morra quando ele a consumir.

O livro te leva a uma viagem incrível e exótica por cenários nunca antes vistos. Encantador.


O autor faz com que você se apaixone por Ida, e que se comova com o dilema que a jovem enfrenta. Uma garota que costumava viajar, nadar, etc., de repente tem de parar, pois basta uma pequena queda, e seus pés viram cacos.
Quanto ao Midas, apesar de eu gostar muito dele, vivia numa tentativa de entendê-lo, o que não era muito fácil. Acho que porque sou muito diferente dele, não conseguia entender essa fobia que ele tinha de gente. Ele odeia o seu pai, o falecido Midas Crook, e isso não é algo que pode passar despercebido na história. Ele pensa nele constantemente, quase obsessivamente.  Talvez porque naquela ilha, as pessoas não cansavam de comparar o Midas pai ao Midas filho.

“ – Então, onde ele está?”
“[...] ele se encontrou sorrindo, saboreando o que estava prestes a dizer. Não achava que acreditava numa pós vida, mas gostava de imaginar algo para seu pai. – Em algum lugar onde nunca vai se acostumar com o calor.”

O amor deles é lindo e diferente. A Ida tenta aproveitar o máximo de tempo com o Midas, mas ele é meio inseguro e assustado em relação ao que sente por ela.

O livro tem uma mensagem bem bonita. A Ida era uma menina que adorava viajar e se divertir, mas ainda não tinha conhecido o amor de verdade. E quando conhece, percebe que é melhor aproveitar seu tempo precioso com esse sentimento do que com qualquer outra aventura.

A capa do livro é linda, tem tudo a ver com a história. Estou apaixonada por ela. Aliás, toda a estética do livro é muito bonita.

Amei a leitura. Foi uma experiência incrível. Sem dúvida, um dos melhores livros que já li. Recomendo!


 Avaliação:





7 de setembro de 2014

(Book Tour) Resenha #20: Golfinhos e Tubarões, o Outro Mundo - Tais Cortez

Oi amigos! Quanto tempo, não é mesmo? Como vocês estão indo? Comigo as coisas tem corrido muito bem, uma correria atrás da outra na faculdade, aprendendo a me virar na capital, com saudade de casa e de quebra fazendo algumas calourices. :D Mas estou feliz! Espero que vocês também estejam.

Hoje, eu venho trazer para vocês a resenha de "Golfinhos e Tubarões, o Outro Mundo" (GET) da Tais Cortez. O livro que eu apresentei brevemente no vídeo do Book Haul que eu recebi faz parte do 7º Book Tour que a Tais está promovendo e que foi o primeiro Book Tour a ser efetivado aqui no blog. Eu conheci GET através de outros amigos blogueiros que também o haviam lido em Book Tours e fiquei muito animada para conhecer essa história, fiquei muito feliz quando a Tais aceitou o ATLT para essa edição da turnê!


Título/Título original: Golfinhos e Tubarões: o Outro Mundo
Autor: Tais Cortez
Editora: Chiado Editora
Gênero: Fantasia
Ano de lançamento: 2013
Status: Livro único
Páginas: 419
Skoob: Link
Onde encontrar: Saraiva




Em "Golfinhos e Tubarões" iremos conhecer Victoria, uma jovem de 18 anos que passou por umas transformações nada comuns na sua adolescência e desde então sua vida não tem sido fácil. Vic foi adotada aos 5 anos por uma casal de empresários da alta sociedade, que optaram por não ter filhos para não comprometer o trabalho, mas necessitavam de uma "família de aparências". Ela teve de tudo: boa educação, boas atividades, tudo da melhor qualidade, mas nunca se sentiu completamente integrada e não possuía uma relação muito afetiva com seus pais, Ana e Greg.

Quando Vic completou 15 anos ela sentiu mudanças fortes em seu corpo: sua força, seus sentidos, sua agilidade. Não bastasse isso algumas mudanças físicas ocorreram, não tão bizarras, mas com um alto grau de "inexplicabilidade". E ela percebeu que as pessoas a sua volta a repeliam mais do antes. A gota final foi em uma noite em que ela perdeu o controle sobre algo que não tinha consciência, destruindo a sala da sua casa e "pendurando" seus pais desacordados em uma parede. Vic estava decidida a fugir, até receber duas visitas especiais.

"Nós não sabemos por que existem tubarões e golfinhos, se já existem peixes. Não é uma questão de entender por que existimos, mas de saber existir sendo o que somos".


Vic então, é levada por Vitor e Lisa para Aprendum, um castelo-escola em uma "dimensão" limiar ao convívio humano, onde as pessoas com habilidades especiais como Vic pertencem. Eles vivem como em uma comunidade regida por valores, e nesse Castelo os jovens descobrem e desenvolvem suas habilidades. Quem aí gosta de X-men? Vai curtir esse livro! Uma pessoa geralmente consegue desenvolver apenas uma habilidade em um dos 5 campos, mesmo que ela tem potencial para mais de uma, é preciso dedicar toda a sua vida a aprimorar sua habilidade e buscar descobrir outras. Uma coisa que eu achei legal mas não tão lógico é que você pode ser filho de pais completamente humanos e ainda assim pertencer ao Outro Mundo.

Os 5 campos de habilidades são: Força, Sentidos, Premonições, Mente e Elemental. As disciplinas de Aprendum estão relacionadas a esses campos e todos os alunos devem frequentar todas as aulas para explorar e descobria sua(s) habilidade(s). Sim! É tudo muito deslumbrante Sim! Lembra Hogwarts de alguma forma, mas Victória não pensa em ficar por lá. Tudo o que ela sabe é que ela tem algo que precisa aprender a controlar e que isso é devido a sua ligação com os pais biológicos. Ela aceita a ir para Aprendum por 3 motivos: controlar suas habilidades, descobrir mais sobre seus pais que parecem ser bem famosos e desvendar que é o lindo e intrigante rapaz que ela viu em uma "visão". Feito isso, ela planeja voltar para a "vida humana". Tá bom...

Evidentemente, a vida de Vic muda por completo a partir do momento em que ela chega a Aprendum, ela irá fazer amigos, pessoas que a entendem e a admiram. Compreenderá que fazer parte do Outro Mundo vai além de conhecer e dominar suas habilidades. Irá viver uma ciranda de pedra com o jovem Alex, um meio-vampiro por quem ela parece ter uma atração inevitável e vital mesmo que letal. E desvendará mistérios sombrios e dolorosos  sobre o seu passado que podem mudá-la completamente. "Complexo"!

 " As coisas são simples quando se define aquilo que se quer. E eu o queria. Com todo o meu ser, eu o queria ".

Foi uma leitura extremamente prazerosa! O livro é narrado em primeira pessoa pela Vic e a escrita da Taís proporciona uma narrativa intensa, sensível e muito imersiva. Em alguns momentos eu achei que os fatos eram repetidos demais (como lembretes/flashbacks) e isso deixou o livro um pouco mais denso do que o necessário, mas nada que atrapalhe a dinâmica de leitura. Outra coisa que me incomodou um pouco foi o romantismo ferrenho com que a Vic enxergava o Alex às vezes, eu preferia as passagens em que ela não o idealizava tanto. Mas a linguagem geral, as metáforas, as descrições, os diálogos são deliciosos! 

Foto: Eduarda Cardoso, blog Amo Livros
Gostei muito das personagens, muito bem construídas, personalidades bem marcadas e as relações entre elas foram bem desenvolvidas. Penélope, Ana, Verônica e Vitória são o tipo de "quarteto" que me lembrou a mim e minhas amigas, então eu fiquei feliz em me identificar nessa relação. Além de que os outros amigos e colegas de Victória também eram divertidíssimos ou nem tanto. Acho que não tem como não se sentir acolhido pelo carinho de Lisa e até mesmo a rigidez de Vitor é aconchegante. Hugo foi o professor que me deixou um pouco sismada às vezes. 

Toda a evolução da história e das personagens foi bem elaborada, a forma como as pontas se amarram ao final me pareceu bastante satisfatório. Encontrei pouquíssimos erros de revisão nessa edição, mas achei o material de impressão e encapamento um tanto frágeis. No mais, a diagramação é simples e extremamente confortável para leitura, que agregada à agilidade narrativa faz a leitura fluir muito bem. Realmente gostei da história, do mundo e da narrativa de Tais! Acho muito válido a recomendação dessa leitura para quem curti fantasia, romance, mistério, aventura... tem um pouquinho de tudo! Nacional RECOMENDADÍSSIMO! 

Agradeço a Tais pela oportunidade de participar do Book Tour, e desejo que os próximos leitores desse livro se divirtam e sejam afetados por ele tanto quanto eu fui, que seja uma leitura deleitosa! Tais, quero ler mais coisas escritas por você, por favor!!! <3

Avaliação:

8 de agosto de 2014

Resenha #19: Banidos - Sophie Littlefield


Título/Título original: Banidos/Banished
Autor: Sophie Littlefield
Editora: Underworld
Ano de lançamento: 2011
Páginas: 240
Gênero: Mistério/Drama/Sobrenatural
Status: Livro em série
#1 Banidos
#2 Unforsaken (EUA)
Skoob/Goodreads: Link1/Link2



Banidos é um livro que eu li ano passado e tive muita vontade de reler porque estava com saudades daquela narrativa. Não foi uma escolha tão racional assim e vou explicar o porquê depois, mas eu fiquei com vontade de resenhá-lo para vocês mesmo assim. Ah! Um aviso, se tiver a oportunidade de ver um livro físico, não leia as orelhas!

A história se passa, inicialmente, em Gypsum uma cidade pequena no estado norte-americano do Missouri. A nossa protagonista é Hailey, uma garota de 16 anos que vive num bairro pobre e violento da cidade, ela mora com a avó Alice - uma senhora ranzinza, cruel e criminosa – e Chub, seu “irmão adotivo” de quatro anos e com problemas de desenvolvimento.

A vida de Hailey nunca foi fácil, sempre sendo destratada pela avó, tendo que conviver com os clientes dela, e sendo a responsável por cuidar da casa e de Chub. Esses dois últimos são as únicas coisas que ainda deixam-na um pouco feliz, sobretudo Chub a quem ele ama muito. Hailey sequer teve uma vida escolar normal, ingressando no ensino oficial somente quando já tinha 8 anos, porque os assistentes sociais haviam pressionado sua avó. Nunca conheceu os pais.

“Sim, tinha cicatrizes; a agonia arrefecera para uma dor contida que agora fazia parte dela, tanto quanto respirar. Mas nunca esquecera.”

Tendo passado por tudo isso, Hailey aprendeu a se virar sozinha em muitas situações da vida, encarou por ela mesma alguns dos desafios de se crescer como uma criança pobre, mesmo na escola nunca teve amigos. Ainda assim, a menina conserva um senso de valores muito grande e mostra-se como uma personagem muito amável e com caráter forte.

“Mas nossos olhos se encontraram e uma energia sombria foi transmitida nesse olhar demorado, e eu soube que ele não partiria.”

O grande ponto da história começa quando, durante uma aula de educação-física, uma das colegas de classe de Hailey, que mora no mesmo bairro que ela, fica gravemente ferida. Enquanto todos entram em pânico, nossa protagonista sente apenas um desejo incontrolável de tocar a outra garota, como uma energia pulsante em seu sangue. E, surpreendentemente, é o toque de Hailey que faz a outra garota recobrar a consciência e ter uma boa recuperação. Mas ela percebe que sua colega ficou aterrorizada com o que ela fez, apesar de ela não entender realmente o que fez.


“Um segundo depois minha visão se apagou. Não creio que tenha fechado os olhos, mas tudo desapareceu e foi como se eu estivesse olhando para o tempo, vendo-o se mover para a frente e para trás ao mesmo tempo, como se eu houvesse saltado de um penhasco e pairasse no ar em algum lugar do espaço vazio e negro.”

Durante os próximos dias as coisas ficam cada vez mais estranhas para Hailey: há um carro misterioso que parece “segui-la”; ela nota um comportamento mais estranho e atrevido dos clientes de sua avó e as reações incomuns da sua avó; sente uma necessidade de se aproximar dos Morries (outras crianças que moram no mesmo bairro que ela), mas há o terror crescente que os Morries cultivam contra ela; existem homens estranhos garimpando informações na cidade; ela faz uma descoberta de objetos antigos e tem uma sensação inexplicável de ligação e pertencimento a algo secular; ocorre um terrível acidente com Rascal – seu cachorro e recebe uma visita completamente inesperada.

“Deslizei a ponta dos dedos pelas palavras, como se tocá-las pudesse trazer as repostas para as minhas perguntas, como se, de alguma forma, o gesto pudesse revelar o que eu devia fazer. Porque eu tinha certeza de que havia sido escolhida para alguma coisa...”

É uma história muito rica em mistério e misticismo. Somos apresentados aos Banidos, um povo originário da Irlanda que possuem dons especiais e hereditários: visão para os homens e cura para as mulheres. Somos levados a entender como a dispersão da comunidade e distorção dos valores podem levar as gerações a perderem os dons originais, e também compreendemos que eles podem ser tanto uma benção quanto uma maldição, se não usados com sabedoria e cautela.

Um passado que Hailey desconhecia vem à tona para abatê-la, mas também para salvá-la. Tudo depende de em quem ela depositará sua confiança, e para alguém que cresceu como Hailey, confiar é algo extremamente tentador, mas difícil. “Banidos” é uma história repleta de ação, mistérios, revelações e poesia.

“A verdade é que queria desesperadamente acreditar nela. Queria que ela me resgatasse. Mas receava acreditar nela, ter esperanças, e depois vê-la desaparecer como todas as outras coisas boas que eu sempre desejei.”


A narração do livro é em primeira pessoa, feita por Hailey, mas alguns dos capítulos iniciais possuem uma narração em terceira pessoa, sob o ponto de vista de uma outra jovem, cruciais para a compreensão do que vem a partir do ponto em que ambas as narrações se encontram.

“E também sentia, uma sensação profunda cujas raízes estavam cravadas naquele ponto em que o instinto supera a razão, que ele não estava morrendo.”

A escrita tem muita poesia, intensidade e é envolvente, as partes descritivas não são tão extensas, mas em algumas partes esparsas a narração fica um pouco repetitiva. As cenas de ação são perturbadoras e inquietantes. As personagens são muito bem construídas, assim como o arco da história. Ao ler o final você tem aquela sensação que as páginas estão acabando e as coisas estão se resolvendo, mas algo crítico te espera na última linha. E o livro termina com um baita cliffhanger.

“- As pessoas podem se convencer com muita facilidade, sabe, quando quere. É da natureza humana.”

Aqui vem a parte sobre a minha irracionalidade em reler esse livro, apesar de tudo. “Banidos” foi publicado no Brasil pela Editora Underworld que fechou suas portas antes de lançar o segundo volume da série. Eu li o livro pela primeira vez antes dessa fatalidade, então tudo bem, mas agora o reli. Por quê? Justamente pela vontade de experimentar de novo a força dessa narrativa. Espero que alguma outra editora fique atenta a esse contrato e venha a publicar a série. Aliás, seria muito inteligente ficar atento a todas as obras do catálogo da ex-editora, pois todos tinham grande potencial, uma pena que a editora fosse pequena.


Sobre a edição que a Underworld fez: que coisa linda! De encher os olhos e o coração gente! O efeito dos padrões na capa, a diagramação do interior do livro, o início de cada capítulo... é tudo encantador! A revisão possui alguns deslizes, a tradução também falhou em algumas expressões gramaticais e ás vezes a pontuação dos diálogos ficou imprecisa, nada que prejudique realmente a fluidez da leitura, mas no caso de uma republicação devem ser pontos observados com mais cuidado.

Feitas essas observações, o que tenho a dizer é: se você for capaz de abrir mão da falta de uma continuação publicada aqui, quiser experimentar uma leitura diferente e envolvente, ou tiver meios de acesso ao segundo volume em inglês (ou outro idioma)... Eu definitivamente recomendo “Banidos”.

Avaliação: 
OBS: A retirada de uma estrela está relacionada às observações feitas sobre a edição.



7 de agosto de 2014

Resenha #18: O Mago de Camelot - A saga de Merlin para coroar um dragão - Marcelo Hipólito



Título/Título original: O Mago de Camelot: a saga de Merlin para coroar um dragão
Autor: Marcelo Hipólito
Editora: Novos Talentos
Ano de lançamento: 2014
Páginas: 152
Gênero: Épico / Fantasia
Status: Livro único
Skoob: Link1 
Onde encontrar: Saraiva



Este é um livro que irá nos permitir fazer uma longa viagem pelo tempo, numa época cheia de conflitos e misticidade, por meio de poucas páginas. Onde hoje é o Reino Unido, durante a Idade Média não existia nações, apenas povos, reinos que digladiavam entre si pelo domínio daquelas terras. Os britânicos - povo bárbaro sincretizado pelo catolicismo romano - e os saxões - bárbaros pagãos - eram os mais fortes e mais rivalizados. 

Mas, antes de todas essas forças imperiosas, havia no arquipélago uma força tão antiga quanto sua existência: os desígnios da Natureza, compreendidos e praticados pelos soturnos Druidas, um povo quase totalmente dizimado pela dominação romana. Esta é a ambientação que encontramos para "O Mago de Camelot". 

Tudo começa muito antes de Merlin se tornar o grande Mago, talvez a figura mais enigmática conhecida por gerações da humanidade. Primeiro somos apresentados à intensa e impactante Ilha de Avalon, berço de toda a força da Natureza e à um significante sacrifício feito nela e por ela. Em seguida, alguns séculos mais tarde, nos deparamos com um cruel cenário de guerra e com os sinais da paz hostil em que vivem as religiões cristã e pagã no território da Britânia. 


Vamos conhecer quatro gerações de Reis da Britânia, guerra, ascensão, paz e "fim" de uma linhagem, e como essa história afetou e repercutiu na humanidade. Começamos com Constantino, rei britânico, pai de Uther e Aurélius, que morre em uma emboscada enquanto seus filhos são salvos por um Druida. Estranho? Sim. Mas os Servos da Natureza fazem tudo o que ela clama, mesmo que preserve um inimigo ou custe sua vida.

Assim, o trono britânico é usurpado por um traidor que traz muito mais brutalidade e miséria àquelas terras, além de criar uma "aliança" com os inimigos saxões. Os príncipes sobreviventes, entretanto não desistem de reaver o trono.

"Um soberano imbuído dos valores de justiça, caridade honra e compaixão, mas também guerreiro apto a defender a britânia de seus inimigos internos e externos."

Então, ainda uma criança franzina, Merlin será envolvido em todo esse caos político. Salvo por um triz de um sacrifício Druida em que perdeu o irmão mais velho, o menino nutre verdadeiro ódio por seu salvador, o assassino do seu irmão. Uma grande profecia é centrada em Merlin e para isso ele precisa ser iniciado nos conhecimentos da Natureza e é treinado para ser um Druida. Um muito poderoso. 

"A despeito do orgulho pelo desempenho do aprendiz, Blaise suspeitava que a rapidez e a imprudência de Merlin o privavam do tempo indispensável à internalização da sabedoria ancestral."

Décadas depois, é Merlin quem irá ajudar os Príncipes da Britânia a reaver seu trono. A partir de então descobrimos muito mais sobre a ligação de Merlin com os Pendragon (Uther e Arthur), seremos apresentados à Morgana, encontraremos Guinevere, Lancelot e veremos Camelot nascer. 

Merlin, Morgana e Arthur. (Imagens: BBC)
Toda a história é permeada por conspirações e a maioria dos personagens motivam-se por um desejo de vingança. Temos uma versão bem menos simpática do Merlin idealista e, de alguma forma, todas as personagens se conectam. A visão da "honra" é como uma moeda, há duas faces pelas quais as personagens lutam, nunca restritos unicamente à dualidade do bem e do mal.

"E a menina encolheu-se na sua cama. E uma dor tremenda despontou-lhe no peito, devido à sua inexplicável certeza de que o verdadeiro lorde de Tintagel tombava, longe dali, naquele exato momento."

Apesar de breve, "O Mago de Camelot" é um livro riquíssimo e muito bem construído. A narração é em terceira pessoa, muito precisa e enxuta com partes descritivas básicas e curtas e bastantes quotes reflexivos/filosóficos. As caracterizações do tempo-espaço, as lutas, a magia presente no texto é de um tom poético e crú ao mesmo tempo. Hipólito possui uma escrita confortável e bonita em seu realismo. Além disso, eu há forma como as revelações são trabalhadas provocou-me muitas surpresas e eu senti um prazer culposo em me apegar ainda mais a algumas personagens.

"- O destino é implacável. Mas lembre, Artur, nós sempre temos escolha. O futuro não está definido. Ele é fluido, incerto, moldado segundo nossas vontades."

Devido à contante alternância de ambientes e gerações é um livro que demanda atenção para ser melhor compreendido, mas é sim uma história envolvente. A diagramação do livro está excelente, bem como a revisão. Fiquei curiosa para conhecer outras obras do autor, especialmente para experimentar mais da sua narração.


Avaliação:

30 de julho de 2014

Resenha #17: Cidade de Vidro - Cassandra Clare (Os Instrumentos Mortais, Vol.3)




Título/Título original: 
 Cidade de Vidro/City of Glass
Autor: Cassandra Clare
Editora: Galera Record
Ano de lançamento: 2012
Status: Série Os Instrumentos Mortais
#3 Cidade de Vidro
#4 Cidade dos Anjos Caídos
#5 Cidade das Almas Perdidas
#6 Cidade do Fogo Celestial
Páginas: 474
Skoob/Goodreads: Link1 / Link2
Onde encontrar: Saraiva

ATENÇÃO: essa resenha contem spoilers do enredo dos volumes anteriores.

Após a épica batalha contra Valentim no navio, o mundo dos caçadores de sombras está alerta quanto à grande ameaça que se aproxima, pois aquele está cada vez mais perto de ser bem sucedido em seus planos. Valentim quer acabar com os membros do submundo, mas não apenas isso, ele quer purificar a Clave, os Caçadores de Sombras. Aqueles que tiverem qualquer inclinação pelos membros do submundo é um ser corrompido e não tem lugar na nova era a que ela aspira.

Vou logo dizendo que essa crença de Valentim e suas palavras persuasivas me lembram muito a forma como eu imagino que Hitler tenha agido, felizmente não são tantas pessoas que acreditam cegamente nele, não depois da Ascensão pelo menos. Parece que a história mundana ensinou alguma coisa aos Caçadores de Sombras ao final. Fico pensando qual seria o cenário que Cassandra desenvolveria para os Caçadores de Sombras no período do nazifascismo. Minha imaginação...

Bom, voltemos ao enredo de "Cidade de Vidro". Sabendo disso, a Clave é convocada em Idris, o lugar onde deve residir o terceiro instrumento mortal, o lar dos Caçadores de Sombras. Os Lightwood e Jace estão se preparando para viajar para Alicante. Clary quer ir junto, mas não pela reunião, e sim para encontrar alguém que finalmente a ajudara a despertar Jocelyn, sua mãe. No entanto, Jace não quer que sua irmã vá para Idris, primeiro por causa da ameaça de Valentim que paira por lá, segundo porque ele teme que a Clave vá querer usá-la como arma, caso descubram seus talentos especiais com os símbolos.


Vocês já devem imaginar que essa história de Jace querer poupar Clary não vai funcionar, muito pelo contrário: as consequências são astronomicamente desastrosas. Isso mesmo, sintam o nível do drama. Antes mesmo de partirem por um portal criado por Magnus no Instituto, os Lightwood sofrem um ataque e têm que atravessar ás pressas e começa a confusão. Clary ficou para trás, o portal foi fechado, Simon viajou com os demais. Não vou dizer mais para não tirar a emoção de descobrir como essa cama de gato se armou.

Claro que Clary não ficou feliz em ser deixada para trás. E ela dá seu jeito de chegar até Alicante. PELO ANJO, CLARY! \o/ Essa sua impulsividade é irritante, desesperadora. Mais umas doses de problemas se acumulam: agora Clary chegou à Idiris sem supervisão, Simon que é um membro do submundo está na cidade sem a devida permissão... e Luke está praticamente na mesma situação. Culpa, direta ou indireta, de quem? Clary!


Bom, a estadia dos nossos estimados Caçadores de Sombras & Cia. não é nada divertida. Clary e Jace tem um reencontro muito tenso, Simon eu nem comento, alguns novos personagens são simpáticos demais ou de menos e nós já devíamos ter aprendido, a essa altura, que isso nunca é bom sinal. A meio caminho da leitura as coisas estão literalmente pegando fogo. Mais uma vez Cassandra Clare traz situações, cenários e plot twists épicos! Yeeeeeeah! \o/ Os visuais descritos para Alicante são arrebatadores, toda a cultura dos Caçadores de Sombras presente ali é instigante, aliás fiquem bem atentos às referências, é tudo o que digo.

O enredo tem base na resolução dos problemas com Valentim, mas o foco da história acaba sendo transferido para os relacionamentos de Clary e Jace, algo esperado uma vez que eles são os filhos do grande antagonista. “Cidade de Vidro” é um livro de surpresas e revelações e eu só posso ficar extasiada com a história de Cassie desenvolveu. *o* Os dois irmãos se atritam constantemente e, à medida que são levados a encarar alguns fatos juntos, quase entram em combustão. A relação construída para os dois nesse livro, no inicio tem aquela coisa meio cansativa, como aconteceu em “Cidade das Cinzas”, e aí evolui para um doce pesar. Sabe? Dolorosamente errado, inebriante e, ainda, certo. Enquanto eu lia essas passagens “Clarity” ficava tocando no fundo da minha mente.


Há algumas perdas em todo esse caos, dolorosas. Às vezes parecia que nem mesmo uma centelha de esperança sobreviveria. O que se seguia era esperado até certo ponto, e então totalmente inesperado para mim! O crescimento que algumas personagens tiveram nesse livro foi algo admirável, tanto pra personagens antigos, quanto para aqueles introduzidos nesse volume. Além disso a narrativa de Cassandra está melhor: certeira, profunda, de tirar o fôlego. Gostei muito, muito mesmo do 3º volume de Os Intrumentos Mortais, fiquei satisfeita com o desfecho a ponto que estou com certa resistência para ler “Cidade dos Anjos Caídos”.

A edição da Record foi bem feita: boa fonte, boa arte, semelhante aos volumes anteriores. Mas alguns pouquinhos deslizes na pontuação dos diálogos passaram e às vezes ocorreram falhas na impressão, apagando partes das palavras. Mas nada disso atrapalha a leitura. Enfim, se você já leu “Cidade das Cinzas” continue, leia “Cidade de Vidro” o quanto antes. O conteúdo do livro o tornou um dos meus favoritos, tanto que eu levei mais de um mês até conseguir  fazer uma resenha um tanto decente para ele, por que é tão difícil resenhar algo que gostamos? Bom, espero que tenha ficado legal.

Como eu disse, “Clarity” de Zedd ft. Foxes é uma música bastante referencial para Clary e Jace nesse livro para mim, então preparei algo para vocês...