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24 de abril de 2014

Resenha #10: Divergente - Veronica Roth (Trilogia Divergente Vol. 1)


Eu finalmente li Divergente! Finalizei a leitura uma semana antes de o filme estrear, mas não consegui resenhá-lo antes. Precisei processar a história para não fazer bobagem. Mais um passo da Meta 2014 cumprido! Então, vamos ao ponto.



Título/Título original: Divergente / Divergent
Autor: Veronica Roth
Editora: Rocco Jovens Leitores
Ano de lançamento: 2012
Status: Livro em série
#1 Divergente
#2 Insurgente
#3 Convergente
Páginas: 502
Skoob/Goodreads: Link1 / Link2
Onde encontrar: Saraiva, Submarino, Americanas



Em Divergente temos uma versão futurística da cidade de Chicago, a sociedade se divide em 5 facções dedicadas a defesa de uma virtude - a Abnegação (aultruísmo), a Franqueza (honestidade), a Amizade (bondade), a Audácia (coragem) e a Erudição (inteligência). Aos 16 anos, após realizar um teste de aptidão, os jovens participam de uma grande cerimônia de iniciação onde devem escolher um grupo para se unir pelo resto de suas vidas. É uma escolha séria, o lema é: A facção antes do sangue.

“Os costumes das facções ditam até como devemos nos comportar nos momentos de inatividade e estão acima das preferências individuais.

Para Beatrice Prior, a difícil decisão é entre ficar com sua família e ser quem ela realmente é - não pode ter os dois. Então, faz uma escolha que surpreende a todos, inclusive a ela mesma. Durante a iniciação altamente competitiva que se segue, Beatrice muda seu nome para Tris e se esforça para decidir quem são realmente seus amigos. O mais complicado é que Tris tem um segredo que poderia significar sua morte.

“Qualquer erro, por menor que seja, ou qualquer segundo de hesitação, e minha vida já era.”

O cenário futurístico com uma sociedade sob o comando de um governo extremista em algum(ns) aspecto(s) é o primeiro ingrediente distópico do enredo de Divergente. Superficialmente, parece ser uma excelente estratégia, agrupar pessoas em defesa de valores e com trabalhos sociais compatíveis, mas esse é o mal mascarado dessa sociedade. Conforme a narrativa se desenvolve, percebemos como a categorização das pessoas pode ser ruim: uma facção debochando do estilo de vida da outra, uma facção acusando a outra de corrupção de seus valores, uma facção tão obstinada por seu valor que o destorce.

“- Eu não me importo com as facções. - Ela balança a cabeça. - Olhe onde elas nos levaram. Os seres humanos, de um modo geral, não podem ser bons por muito tempo antes do mal rastejar de volta e envenenar-nos outra vez.”
Essa é apenas uma das perspectivas que Veronica Roth constrói gradativamente em Divergente. Sendo o primeiro livro da trilogia ele é bastante introdutório, mas felizmente essas explicações vêm bem mescladas aos acontecimentos de forma que o livro não é monótono. Apenas os cinco primeiros capítulos são mais devagar, obviamente antes de Tris fazer sua escolha.


A escolha que Beatrice tem que fazer também é algo bastante simbólico, o resultado de seu teste de aptidão dificulta esse processo, sobretudo porque ele lhe traz uma revelação que ela não compreende e que não pode pedir ajuda da sua família para compreender. A verdade é que escolhas não são permitidas aqui, se você escolhe você está declarando algo, é uma definição.

Beatrice é Divergente e na Cerimônia de Escolha ela deixa a Abnegação, a facção em que nasceu. Mas ela não é a única a desertar do grupo dos altruístas. Isso se torna um prato cheio para outra facção acusar repetidas vezes a Abnegação de corrupção dos seus valores e de ser a responsável pela estagnação da sociedade, já que é a facção responsável pelas decisões governamentais. A tensão entre as facções cresce exponencialmente.

"Sei por que me pergunto essas coisas: são desculpas. A razão humana é capaz de justificar qualquer mal; é por isso que não devamos depender dela. Isso é o que meu pai costumava dizer."

Tris é uma personagem que chama a atenção pelo seu desenvolvimento na história. Inicialmente frágil, deslocada e inocente, Tris dança na balança entre confusão e convicção enquanto é (re)moldada. No seu processo de iniciação ela passa por experiências de júbilo e derrota, enfrenta conflitos internos sobre o que acredita e sobre quem é, já que não faz ideia de o que é e de qual o risco em ser Divergente. Ela precisa aprender a construir laços mais íntimos e ser resistente às provações, além de descobrir quais os seus medos e superá-los. Testada fisicamente, emocionalmente e psicologicamente, Tris se fortalece ao mesmo tempo em que é destroçada. A garota é um bom exemplo de resiliência.


Quatro é o instrutor dos iniciados transferidos, ele irá ensinar e avaliá-los no processo para que se tornem membros da facção que Tris escolheu. É sisudo e profissional, tão constrito que chega a ser misterioso. A verdade é que só porque você é um membro da facção, isso não te livra de todos os seus fantasmas. Quatro tem reações intrigantes, diante das oscilações de Tris e, resistente como é, demora um pouco a entrar no ritmo dela. Se é que vocês me entendem.

"- Eu acho que cometemos um erro - diz suavemente. - Nós todos passamos a rebaixar as virtudes das outras facções no processo de reforçar a nossa. Não quero fazer isso. Quero ser corajoso e altruísta e esperto e bondoso e honesto. - Ele limpa a garganta. - Eu me esforço continuamente para ser bondoso."

Alguns outros personagens também merecem destaque, pela forma como interferem na história. Já que Divergente é narrado em primeira pessoa por Beatrice, eles acabam por se tornar personagens quem têm repercussão sobre ela. Entre os transferidos Christina, Will e Al tornam-se seu apoio, em contrapartida Peter, Molly e Drew testam seu autocontrole. Tori, Uriah e Marlene, são nomes que valem a pena ser lembrados. Além disso, a família de Tris está sempre participando de suas decisões, e figuras como Eric – um dos lideres da sua nova facção – complicam bastante a vida dela.

“O altruísmo e a coragem
 não são tão diferentes assim.
“Não sei como serão nossas vidas (…). A sensação é de rompimento, como uma folha separada da árvore que a sustenta. Somos criaturas da perda; deixamos tudo para trás.”

Com bons personagens, narrativa envolvente, ação, diversão e tensões, é compreensível porque Divergente foi tão bem recebido por tantos leitores. Há episódios bastante surpreendentes, cenas de prender o fôlego, mortes que te deixam meio desnorteado e o romance é bem peculiar, cúmplice e reconfortante. Os últimos capítulos mostram que Veronica é uma escritora audaciosa e o final vai te deixar numa berlinda emocional.  É uma leitura bastante fluida, mas permeada de temas reflexivos. Vai fazer você pensar ao fim dos capítulos e mais ainda ao fim do livro.


A edição nacional da Editora Rocco está bem agradável no quesito fontes, margens e espaçamento. Fator que, juntamente com os capítulos de extensão mediana, proporcionam uma leitura bastante confortável. A estética da diagramação é bastante simples e a revisão parece não ter deixado passar nenhum erro de tradução, linguagem ou pontuação. Um ponto negativo é o material da capa, ao menos a minha edição sofreu certo desgaste, mesmo com o manuseio cuidadoso. É como se a arte fosse uma película sobre o papel grosso, a minha está “descascando” nas bordas como podem ver na imagem.


Avaliação:
 

6 comentários:

  1. Eu tenho muita curiosidade em ler o livro,só ouvi coisas boas dele em todas as resenhas,espero poder comprar e ler o mais rápido possível . Beijos :*

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    1. Espero que possa lê-lo em breve sim. Eu passei muito tempo sem poder e adorei quando li!
      Beijo! Obrigada pela visita.

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  2. Livro Mara... Otima resenha!! **

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